Em meados dos anos sessenta em Londrina, muitas realizações foram concretizadas. Em um tempo em que surgiam novos projetos e empreendimentos, a cidade ansiava por crescimento intelectual, que complementaria a prosperidade material experimentada na época. A Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, e as de Direito e de Odontologia, por  exemplo, estavam em pleno funcionamento. Nesse contexto, o movimento pela criação da Faculdade de Medicina do Norte do Paraná emergiu graças ao  anseio de médicos e lideranças londrinenses. Com um empenho coletivo exemplar, os esforços da Associação Médica, do prefeito, de deputados, líderes comunitários e  colaboradores resultaram, enfim, na construção do prestigiado curso de medicina de Londrina, de grande importância para a cidade e região norte paranaense. No dia 15 de fevereiro de 1967, as atividades da Faculdade de Medicina do Norte do Paraná (Lei Estadual N. 5216/65) foram iniciadas. Em 1970, por ocasião da criação da Universidade Estadual de Londrina, esta e outras faculdades preexistentes foram extintas e na nova estrutura universitária criada, os cursos de Medicina e de Odontologia passaram a integrar o recém criado Centro de Ciências da Saúde (CCS).

Um ano depois, em 1971, o Hospital Universitário foi ativado em um prédio cedido pela Sociedade Evangélica de Londrina, localizado na época na rua Pernambuco. Em 1975, o Hospital Universitário foi transferido para as instalações do Sanatório Noel Nutels, localizado na avenida Robert Koch, passando a ser denominado Hospital Universitário Regional do Norte do Paraná. O HU é o maior órgão suplementar da Universidade Estadual de Londrina, e está ligado academicamente ao CCS. Nosso hospital tem como princípio a contribuição para a qualidade de vida da população. Para isso, dispõe de uma missão bem definida, que envolve a prestação de assistência integral à saúde, com primazia e qualidade, de acordo com os princípios dos SUS (Sistema Único de Saúde). Desde sua ativação, tem obtido reconhecimento nacional graças as suas ações e atuações distintas em praticamente todas as especialidades médicas. Por ser um hospital-escola, serve de campo de estágio direto para o curso de medicina, tendo fundamental importância para a formação médica de excelência dos alunos da Universidade de Londrina.
O primeiro currículo do curso de Medicina da UEL foi estruturado em disciplinas anualizadas. Nos vinte anos seguintes, foram promovidas quatro reformas curriculares. O segundo currículo (1972), anual, mas semestralizado, já preparava o sistema de matrícula por disciplinas. Apresentava-se como um currículo de transição, com disciplinas fundamentais (básicas), profissionalizantes, complementares e possibilidade de o aluno montar seu próprio currículo. O terceiro currículo (1973) contava com um regime de matrícula por disciplina (crédito), que passou por várias alterações. O quarto currículo (1980) permaneceu com o mesmo regime, porém, teve redução da carga horária. No quinto currículo (1992), o regime acadêmico seriado anual foi retomado. Percebe-se que, até 1997, nos primeiros 30 anos de existência do curso, ocorreu em média uma mudança curricular a cada seis anos. Isso indica que, em Londrina, o curso de medicina tem uma tradição de buscar um desenvolvimento constante, a fim de responder aos avanços científicos e tecnológicos no âmbito da educação médica. Sem enrijecimentos curriculares, o curso pôde evoluir ao longo dos anos através de mudanças que contavam sempre com a participação de professores e alunos, principalmente por meio da realização de Fóruns de Debates do Curso Médico da UEL.
A partir de 1991, no contexto do Projeto CINAEM, desencadeou-se um intenso processo de avaliação do curso. Nossa escola foi pioneira, tendo sido a primeira a responder ao questionário inicial e é hoje reconhecida nacionalmente como uma das mais comprometidas com o processo de mudança da educação médica. Além disso,  foram desenvolvidas novas linhas de trabalho por várias disciplinas dos ciclos básico e clínico, com projetos especiais e novas articulações entre atividade de ensino, serviços e comunidade. Os estágios feitos por professores e estudantes em centros de educação médica no exterior, junto às visitas de consultores nacionais e estrangeiros, com conferências e assessorias, desencadeou um rico processo de reflexão e capacitação docente sobre os modelos pedagógicos e as metodologias de ensino-aprendizagem mais modernas e recomendadas para a educação médica neste final de século.
Em 1992, foram constituídos os Colegiados de Curso, em substituição aos Colegiados por Área de Conhecimento. Por consequência da reivindicação da comunidade acadêmica, a decisão foi capaz de promover o adequado gerenciamento didático-pedagógico dos cursos de graduação, buscando a melhoria da qualidade do ensino pelo aprimoramento da coordenação das funções e competências na universidade. No mesmo ano, o XXX Congresso Brasileiro de Educação Médica, o I Fórum Nacional de Avaliação do Ensino Médico e o I Seminário Internacional dos Projetos UNI foram realizados em Londrina. O curso é um dos membros institucionais da Associação Brasileira de Educação Médica, e muitos de seus professores são sócios individuais históricos dessa entidade. Desde então, o CCS está associado à Network of Community-Oriented Education Institutions for Health Sciences, participando de eventos internacionais de discussão e análise da educação médica. Em 1994, foi credenciado como Centro Colaborador em Educação e Prática Médica pela Organização Mundial da Saúde. Tal inserção do curso de medicina no movimento nacional e internacional de mudanças da educação médica foi resultado do projeto de apoio à implantação de novos modelos acadêmicos nos cinco cursos de graduação do CCS. Os princípios centrais desses novos modelos acadêmicos são: articulação academia-serviços-comunidade, interdisciplinaridade com integração de disciplinas básicas e clínicas, ação multiprofissional,  uso de metodologias ativas de ensino-aprendizagem, inserção precoce do aluno em nos serviços de saúde e educação permanente como compromisso institucional e ecologia humana (integração biopsicossocial). Ou seja, são princípios que buscam conquistar cada vez mais excelência técnica e a relevância social para o curso.
Em 1995 e 1996 foram desenvolvidos estudos e avaliações estratégicas do curso e do currículo, no contexto da fase II do Projeto CINAEM. Como resultado, foram colhidos dados e informações que permitiram uma maior conscientização acerca da realidade de nosso curso. As debilidades detectadas foram analisadas levando em consideração o contexto interno e externo de suas causas. Nessa conjuntura, foi importante ter em mente o aspecto estrutural da crise da saúde e da educação médica, que se estabelece a partir de diversos determinantes, como os problemas enfrentados pela prática médica e o próprio desenvolvimento socioeconômico do país, relacionado com as carências do financiamento em educação. Esses fatores impuseram uma dinâmica de renovação permanente do curso e, em 1996, culminando todos os processos mencionados, realizou-se o Seminário de Avaliação do Curso de Medicina no sistema seriado, numa perspectiva histórica e pelas suas características, deu seguimento aos quatro Fóruns mencionados anteriormente. Esse Seminário reuniu um numeroso grupo de professores e estudantes, interessados em avaliar o curso e refletir sobre a necessidade de uma reforma curricular. Na oportunidade, a segmentação excessiva entre conhecimentos básicos e clínicos, a estruturação curricular por disciplinas, a má utilização de cargas horárias, a ausência de práticas nos serviços de saúde e as avaliações da aprendizagem baseadas na memorização essencialmente somativa foram as principais fragilidades apontadas no currículo então vigente.  Diante da situação diagnosticada, considerou-se que estava seriamente prejudicada a apropriação sistemática dos conhecimentos e a aquisição das habilidades e atitudes que devem possibilitar ao estudante e futuro médico uma ação mais lúcida sobre a realidade, assim como uma capacidade de interpretação mais rigorosa dos fenômenos sociais e médico-científicos.
A partir das 1ª e 2ª Conferências Mundiais de Educação Médica, realizadas em Edimburgo (Escócia), em 1988 e em 1993, os educadores da área médica começaram a estabelecer os parâmetros que iriam balizar as reformas curriculares e a adequação da formação do médico às novas demandas sociais. O Relatório Geral dos resultados da Avaliação do Ensino Médico do Brasil, da CINAEM, apontava a necessidade de Reformulação do Modelo Pedagógico, compreendida em seu sentido amplo, abarcando a totalidade do processo de formação médica. A partir de então, houve um consenso mundial de que certos fatores determinantes deveriam ser norteadores das transformações que teriam de ser vivenciadas, como as rápidas transformações sociais experimentadas pelos países em desenvolvimento, a concepção de que o ensino compartimentalizado em disciplinas não é suficiente para formar médicos como promotores da saúde integral do ser humano e a necessidade de capacitar o médico para a prática da educação permanente, com ênfase em técnicas de autoaprendizagem. Além disso, seria fundamental levar em conta a expectativa de que todo médico deveria atender as necessidades tanto dos pacientes quanto as de sua comunidade, atuando como agente de transformação social em equipes multiprofissionais e promovendo estilos de vida saudáveis, conciliando as exigências individuais e coletivas da saúde. Estas foram, em essência, as justificativas do projeto pedagógico do currículo integrado do curso de Medicina da UEL. Sua análise e aprovação pelo colegiado do curso e pelas instâncias superiores da UEL, em 1997, permitiram a inserção definitiva do curso no cenário nacional e internacional das escolas médicas portadoras de uma nova e moderna visão de futuro.
Firmemente comprometidos com essa história, os professores e estudantes do curso de Medicina da UEL estão criando as condições para o desenvolvimento de uma educação médica de qualidade e com responsabilidade social. Este breve histórico caracteriza um compromisso do curso com a permanente construção de novos modelos acadêmicos e serve para reafirmar que o desenvolvimento do curso nos próximos anos continuará necessitando de apoio interno e externo, de direcionalidade político-acadêmica e de competência gerencial.

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