Pesquisadores da UEL e PUC avaliam efeitos do tolueno, um solvente encontrado em tintas e combustíveis, no organismo de frentistas de postos de gasolina

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Pesquisadores dos cursos de Medicina, Farmácia, Bioquímica e Química da UEL, em conjunto com outros pesquisadores de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná campus Londrina (PUC-PR), estudam a exposição, os efeitos e as formas de prevenção aos problemas causados pelo tolueno em frentistas de postos de combustíveis de Londrina. O tolueno é uma substância aromática, incolor e volátil, muito utilizada como solvente em tintas, colas, detergentes, medicamentos e combustíveis. É neurotóxico e níveis elevados podem causar perda de concentração, cansaço, perda de apetite e alterações na visão, audição e olfato, sintomas que desaparecem, cessada a exposição. Em casos de exposição mais grave, pode causar total perda de olfato, da audição, convulsões, sufocamento e parada cardiorrespiratória. O tolueno pode entrar no organismo pelo nariz, pela boca ou mesmo pela pele. Para detectá-lo no organismo, um exame de urina é o mais comum e eficiente, em busca do ácido hipúrico, um subproduto do metabolismo do tolueno no corpo.

O projeto desses pesquisadores é intitulado como “Avaliação e conscientização do tolueno como causador de disfunção olfatória em trabalhadores frentistas de Londrina”, e é coordenado pelo professor Tiago Severo Peixe (Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas).

A estudante do 4º ano de Medicina da PUC, Caroline Badaoui, integrante do projeto, conta que, entre 2020 e 2021, os pesquisadores conseguiram a adesão de 50 frentistas da cidade, além de outros 50 controles, não expostos ocupacionalmente aos solventes.

Caroline conta que houve certa resistência por parte dos frentistas em aceitar participar, e alguns tiveram de ser excluídos do estudo, por diversos fatores, como ser fumante.

Os estudantes fizeram uma detalhada anamnese nos frentistas, realizaram coletas de urina no final da jornada de trabalho de cada um e fizeram o Teste UPSIT. Trata-se de um teste criado na Universidade da Pensilvânia (EUA) e consiste em uma série de cartelas com odores (como em revistas de cosméticos) e alternativas para assinalar, identificando-os. Serve para detectar alterações no sentido do olfato. Paralelamente, um grupo controle – sem exposição ao tolueno – foi igualmente observado. Após essa etapa de coleta, o estudo entrou para a fase laboratorial.

De acordo com Caroline, não houve alteração no olfato dos frentistas. Mas os resultados animadores não devem causar despreocupação segundo os pesquisadores. O professor Tiago diz que há a necessidade de monitoramento constante dos frentistas e ressalta a importância do uso de equipamento de proteção individual, de intervalos e  da conscientização dos perigos que o material pode causar. Ele revela que o projeto promoverá encontros e treinamentos para esclarecer o orientar os frentistas sobre normas técnicas, riscos à saúde e ações preventivas.

Tiago Peixe revela que grande parte do sucesso do estudo está no fato de ser multiprofissional e multi-institucional. Ele destaca a participação dos professores Marco Aurelio Fornazieri (Medicina/UEL), Lycio Shinji Watanabe e Alessandra Maffei Monteiro (Química/UEL), e das alunas de Iniciação Científica Giulia Maria Gagliazzi Lage, Aline Yumi Utsunomiya (Farmácia/UEL) e da Clínica Olfact, que realiza as análises de avaliação olfativa.

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