Julho Amarelo – Mês de conscientização contra as Hepatites Virais

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A Organização Mundial de Saúde (OMS) designou, em 2010, o dia 28 de julho como o Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais. Contudo todo o mês é destinado para a causa. A cor amarela foi a escolhida para nominar a campanha, a fim de representar as pessoas acometidas pelas hepatites, já que elas podem ter a pele e os olhos amarelados devido à doença.

A instituição do mês de julho como “Julho Amarelo”, no Brasil, foi oficializada pela Lei nº 13.802/2019 e tem como finalidade conscientizar a população sobre os riscos da doença, alertar sobre as formas de prevenção e incentivar as pessoas a se vacinarem contra as hepatites A e B, além de buscarem o diagnóstico precoce e o tratamento. Tal campanha é de suma importância, já que a falta do conhecimento da existência da doença é o grande desafio para seu combate.

Sobre as hepatites e suas formas de prevenção

A hepatite é uma inflamação do fígado que pode ser causada por vírus ou pelo uso de alguns medicamentos, álcool e outras drogas, assim como por doenças autoimunes, metabólicas ou genéticas. Nem sempre a doença apresenta sintomas, mas quando aparecem, estes se manifestam na forma de cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.

No caso específico das hepatites virais, que são o objeto da campanha Julho Amarelo, elas são inflamações causadas por vírus classificados pelas letras do alfabeto. Os cinco tipos mais comuns são: A, B, C, D (Delta) e E.

Segundo boletim epidemiológico, disponibilizado pela Secretaria de vigilância em saúde, de 1999 a 2019, foram notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) 673.389 casos confirmados de hepatites virais no Brasil. Destes, 168.036 (25,0%) são referentes aos casos de Hepatite A, 247.890 (36,8%) aos de hepatite B, 253.307 (37,6%) aos de hepatite C e 4.156 (0,6%) aos de hepatite . A partir de tais números, percebe-se a importância de se fazer a campanha Julho Amarelo.

Hepatite Viral A

  • É a infecção causada por um vírus RNA da família Picornavirus, transmitido por via fecal-oral. Nesse sentido, a água e os alimentos contaminados com fezes com vírus A são os grandes veículos de propagação da doença;
  • Atinge mais frequentemente crianças e adolescentes;
  • A transmissão é mais comum quando há contato pessoal íntimo e prolongado dos doentes com indivíduos suscetíveis à infecção. Observa-se a presença do vírus A no sangue e nas fezes dos indivíduos infectados duas a três semanas antes do início dos sintomas e, nas fezes, por cerca de duas semanas após a infecção;
  • A doença é autolimitada e considerada benigna. Contudo, existem “formas atípicas” da hepatite A e, devido a sua alta incidência, constituem a principal causa de insuficiência hepática aguda (hepatite fulminante);
  • Para prevenir a disseminação do vírus há necessidade de rigorosa higiene pessoal dos doentes e adequada desinfecção dos banheiros utilizados pelos pacientes e de brinquedos. Tal conduta é essencial, pois o VHA pode permanecer na superfície dos objetos por semanas. Além disso, muitos relatos, de diferentes países, mostram que a melhoria nas condições sanitárias de uma determinada população reduz a prevalência da doença;
  • A principal forma de controle da hepatite A é através da vacinação. As vacinas disponíveis são altamente imunogênicas e seguras, produzindo 95% a 100% de soroconversão em indivíduos saudáveis.

Hepatite B

  • O vírus da hepatite B pertence à família HepaDNA. Devido à sua alta especificidade, o VHB infecta o homem, que constitui o reservatório natural;
  • O risco de desenvolver doença aguda ictérica aumenta com a idade do paciente, inversamente à possibilidade de cronificação. Ou seja, quanto mais velho for o paciente, maior o risco de ele desenvolver a doença aguda ictérica, mas menor as chances da hepatite se tornar crônica;
  • A transmissão do vírus B se faz através de solução de continuidade (pele e mucosas); relações sexuais; exposição percutânea (parenteral) a agulhas ou outros instrumentos contaminados; transfusão de sangue e hemoderivados; uso de drogas intravenosas; procedimentos odonto-médico-cirúrgicos, quando não respeitadas as regras de biossegurança; transmissão vertical e contatos domiciliares;
  • A vacinação contra o VHB é a maneira mais eficaz na prevenção de infecção aguda ou crônica e na eliminação da transmissão do vírus em todas as faixas etárias. Outra maneira de prevenção de suma importância é o uso de preservativos durante as relações sexuais.

Hepatite C

  • O vírus C (VHC) pertence ao gênero Hepacivirus da família Flaviridae e seu genoma é constituído por uma fita simples de RNA. Ele é transmitido por contato direto, percutâneo ou através de sangue contaminado;
  • Aproximadamente 60% a 85% dos casos de hepatite C se tornam crônicos e, em média, 20% evoluem para cirrose ao longo do tempo;
  • A hepatite crônica pelo HCV é uma doença de caráter silencioso, que evolui sorrateiramente e se caracteriza por um processo inflamatório persistente no fígado.
  • É considerada a maior epidemia da humanidade hoje, cinco vezes superior à AIDS/HIV;
  • A hepatite C pode causar cirrose, câncer de fígado e morte, e é a principal causa de transplantes de fígado;
  • Não existe vacina. Nesse sentido, a prevenção deve focalizar o aconselhamento de pessoas que usam drogas ou que estão em risco de uso, e aquelas com práticas sexuais também consideradas de risco.

Hepatite D

  • É causada pelo vírus da hepatite D (VHD) e ocorre apenas em pacientes infectados pelo vírus da hepatite B;
  • A vacinação contra a hepatite B também protege de uma infecção com a hepatite D.

Hepatite E

  • É causada pelo vírus da hepatite E (VHE) que é um vírus pertencente ao gênero Hepevirus, família Hepeviridae. O HEV é um vírus pequeno, não envelopado, formado por uma fita simples de RNA positiva.
  • É transmitida por via digestiva (transmissão fecal-oral), provocando grandes epidemias em certas regiões;
  • O vírus causa hepatite aguda de curta duração e autolimitada. Na maioria dos casos, é uma doença de caráter benigno. Porém, a hepatite E pode ser grave na gestante e, raramente, causar infecções crônicas em pessoas que tenham algum tipo de imunodeficiência.

 

Fontes

BRASIL. Ministério da Saúde. Boletim epidemiológico Hepatites Virais 2020. Secretaria de vigilância em saúde. Julho, 2020. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2020/boletim-epidemiologico-hepatites-virais-2020

BRASIL. Ministério da Saúde. Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Disponível em: http://www.aids.gov.br/hepatites

BRASIL. Ministério da Saúde. “Julho Amarelo”: Mês de luta contra as hepatites virais. Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/julho-amarelo-mes-de-luta-contra-as-hepatites-virais/

FERREIRA, C. T.; SILVEIRA, T. R. da. Hepatites virais: aspectos da epidemiologia e da prevenção. Rev. bras. epidemiol. 7 (4). Dez 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbepid/a/Hb5tXY8xRxp8ph8JjVRMXWS/?format=pdf&lang=pt

 

Amanda Savieto Pompeu
Acadêmica do terceiro ano da Medicina-UEL

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